quinta-feira, 8 de maio de 2008

A soberba rubro-negra



Angra dos Reis amanheceu nesta quinta-feira, 8, do jeito que praticamente todo o País acordou. Rubro-negros chorando, se lamentando e tentando explicar o inexplicável pelo vexame do Flamengo de ontem à noite, em um Maracanã lotado, com a eliminação do time da Libertadores das Américas após a derrota inesperada de 3 a 0 para o América do México. E a partida de ontem tem explicação? Claro que tem!!! A soberba de uma equipe.
Diz o dicionário Aurélio que soberba é um substantivo feminino oriundo do adjetivo soberbo que significa: elevação ou altura de uma coisa em relação a outra, orgulho excessivo, altivez, arrogância, presunção. Tais características negativas que são próprias de um ser humano e que inseridas numa coletividade ou num grupo, se tornam ainda mais maléficas ao convívio social e a respeitabilidade em relação ao outro numa relação em sociedade.
É assim na vida e também no futebol. A soberba é, e sempre será uma inimiga traiçoeira do ser humano. Tudo em excesso é radical e extrapola medidas, e foge ao equilíbrio. Aliás, o equilíbrio foi o que faltou aos rubro-negros ontem diante da confiança excessiva na vitória e na classificação. A conquista do bicampeonato diante do Botafogo no último domingo, 4, teve influência na postura da equipe no jogo de ontem, mas sem sombra de dúvida, o resultado de 4 a 2 contra o mesmo América na semana passada no México, influiu decisivamente no clima que envolveu todo o time neste jogo da eliminação.
O oba-oba montado pela diretoria em torno da despedida de Joel Santana antes da bola rolar também sugeriu um diagnóstico: o momento não era oportuno para festa. No próprio semblante e articulações labiais do treinador quando entrou em campo tendo a sua volta fileiras de jogadores, parecendo mais um “corredor polonês”, notavam-se que aquele fuzuê era desnecessário ou no mínimo exagerado ou desproporcional. Joel falava: “eu quero a vitória, eu quero a vitória......” parecendo querer despertar os jogadores para a realidade e a seriedade daquele momento que eles iriam enfrentar.
Mas uma coisa é inegável, o clima de soberbaça ficou claro, porém temos que ser também honestos em afirmar que pelo menos até sair o primeiro gol do time mexicano o Flamengo jogava bem, sufocava o adversário, entretanto o gol não saia. Coisas do futebol, mas que somadas ao excesso de confiança transformaram a noite rubro-negra numa catástrofe que deixou sua torcida momentaneamente triste e envergonhada. Porém isso vai passar. Não foi o primeiro vexame e acredito que não será o último na história do Flamengo.
Por isso que o futebol é tão apaixonante, pois ao mesmo tempo que os rubro-negros foram ao céu no último domingo com a conquista do bicampeonato, dias depois estão se sentindo no inferno. O negócio é levantar a cabeça, não se abater, ter equilíbrio, continuar trabalhando sério, que as alegrias, vitórias e conquistas voltarão, em breve, a ocorrer. Afinal de contas, o Flamengo é bicampeão carioca e esse título precisa continuar sendo comemorado. O Flamengo é assim mesmo, grande nas vitórias, nos títulos, e também nas derrotas e nas crises.




Beto Carmona

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